Meio-campista do Cruzeiro ainda presentou a presidenta com uma camisa do clube mineiro
Após três casos de racismo, envolvendo cidadãos brasileiros ligados ao futebol, em um curto espaço de tempo, a presidente Dilma Rousseff abriu as portas do Palácio do Planalto, em Brasília, para receber o cruzeirense Tinga e o árbitro gaúcho Márcio Chagas nesta quinta-feira - o santista Arouca não pôde comparecer devido aos compromissos pelo clube alvinegro. O evento serviu para os presentes discutirem ações que possam impedir novos episódios semelhantes.
O primeiro caso de racismo foi vivido por Tinga, quando o volante defendeu o Cruzeiro diante do Real Garcilaso, no Peru, pela Copa Libertadores da América. Ao entrar em campo no segundo tempo, o volante foi ofendido pela torcida local, mas o caso não gerou punição ao time peruano. Nesta quinta-feira, depois de presentear a atleticana Dilma Roussef com uma camisa celeste, o jogador afirmou que é preciso mudar a educação do país para tratar o assunto.
"O que vai acontecer daqui para frente a gente não sabe. O que acredito que é importante é que ela (Dilma Rousseff) se preocupou com a situação que aconteceu nesse último mês, relacionadas a mim, ao Márcio e ao Arouca. Tive oportunidade de falar que tem outras coisas que acontecem no País em termos de preconceito. Espero que a gente possa conscientizar que isso é um fator de educação", destacou o volante.
Já Márcio Chagas passou por episódio semelhante em terras brasileiras. O árbitro gaúcho foi vítima de racismo ao atuar no confronto entre Esportivo e Veranópolis, pelo Campeonato Gaúcho. Além das ofensas durante a partida, o juiz encontrou seu carro amassado, com bananas na lataria, quando se dirigiu ao estacionamento do estádio. O caso fez com que torcedores e jogadores do Rio Grande do Sul movessem uma ação contra o racismo no estado.
Ciente da importância que o futebol carrega com relação a assuntos sociais, como o episódio vivido no Sul, o árbitro destacou a importância de ver pessoas influentes preocupadas com o assunto. "O futebol é um agente muito importante no nosso país, as pessoas param para assistir e nada melhor do que ter boas ações no futebol para que a gente consiga plantar e, aos poucos, colher esses frutos aí do convívio harmônio entre o nosso povo" , afirmou Márcio Chagas.
Arouca, por sua vez, não pôde comparecer ao evento desta quinta-feira. O volante foi ofendido em uma partida entre Mogi Mirim e Santos, realizada na casa do adversário pelo Campeonato Paulista. Em carta à presidente Dilma Rousseff, o jogador justificou sua ausência, afirmou ter compromissos pelo seu clube, mas não deixou de parabenizar os responsáveis pela iniciativa.
Confira parte do que foi escrito pelo atleta santista:
"Em primeiro lugar, gostaria de agradecer pelo convite para participar da reunião, que também contou com meu companheiro de profissão Tinga e o senhor Márcio Chagas, árbitro de futebol, para a discussão de um assunto que é tão importante para toda a população brasileira. Infelizmente, por compromissos já firmados anteriormente e pelas minhas atividades no Santos Futebol Clube, não pude participar desse encontro.
Contudo, aproveito para parabenizar pela iniciativa e pela boa vontade em debater o racismo, não apenas por nós três, que sofremos isso dentro de um campo de futebol, mas também por outros milhares, que, por falta de orientação - e por não terem a mesma visibilidade que nós temos diante das câmeras e dos microfones que cercam o mundo do futebol -, não se manifestam e não têm seus apelos ouvidos todos os dias".
FONTE : GAZETA
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