terça-feira, 8 de dezembro de 2009

HOMENAGENS e LEMBRANÇAS...

1) Sugerimos a leitura do texto abaixo, cuja importância ( para a MEMÓRIA do FUTEBOL ) é inestimável.
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2) Falar de Petinha é relembrar - como muita justiça - um jogador que marcou época em vários clubes ! Seu chute era um PETARDO que deixava a bola em CHAMAS. Foi também um exímio cabeceador ! Meu tio por testemunha.
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3) O texto também relembra RUBÃO, jornalista de primeira grandeza. O "TÚNEL do TEMPO" está logo abaixo.





NO TÚNEL DO TEMPO...

O artigo a seguir é do jornalista Rubens Lemos Filho, cujo texto foi publicado em vários jornais e revistas ( no curso do ano 2005 ).
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Pedi a Rubinho uma cópia há três meses, mas só agora faço a postagem tão prometida aos amigos do BLOG.
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Conheci Rubão, mas não tive a satisfação de ver os gols de Petinha. O texto é uma viagem ao passado !
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Postar o artigo é também uma pequena homenagem - do BLOG Música do Gol - aos dois craques que já estão no Reino dos Céus ! Petinha, o artilheiro implacável ; Rubão, o fera da crônica esportiva. O texto segue abaixo.



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PETINHA e MEU PAI
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Em 2003, recebi um telefonema do senhor Ilson Peres que me convocava ansioso ao Aeroporto Augusto Severo para me entregar um presente especial. Era Petinha, centroavante cabeludo nos anos 60 e 70, artilheiro no América e no ABC , velho amigo do meu pai.
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Fomos encontrá-lo numa manhã de sábado. Eu, minha mulher, meu filho impaciente e o gringo Danilo Menezes, velho companheiro de Petinha. Lá estava ele, jovial, cabeleira vasta, calça jeans e camiseta da moda, inconfundível andar de boleiro.
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O primeiro abraço, claro, foi em Danilo. Petinha tascou-lhe um elogio cheio de veneno: Porra gringo! estás novinho hein? Parece conservado no formol!. Depois, entregou-me a foto.Senti um daquelas descargas elétricas que batem direto na alma. Meu pai, um pouco mais velho que eu, sem bigode nem as cicatrizes que o tempo e o sofrimento estamparam no seu rosto e ajudaram a triturá-lo internamente.
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A história Petinha contou e vou dizer agora. Petinha jogava em Natal, Rubens Lemos, como em toda a sua vida, ia de idas e vindas. Acabara de chegar de Londrina, onde iniciara sua trajetória em jornal e rádio e era fascinado por futebol. Admirou-se com o futebol rompedor e destemido do atacante que rompia defesas no antigo campinho do Juvenal Lamartine, berço da bola potiguar.
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Muito amigo dos diretores do Londrina, Rubens Lemos indicou Petinha, que foi logo contratado. E foi junto com ele, ainda um garoto inexperiente, extasiado com as milhas de diferença da sua província para um Estado rico.
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Deixo o resto puxando a voz de Petinha naquele sábado no aeroporto, voz que volta com toda a estridência: Recebi 500 cruzeiros de luvas e coloquei 200 no bolso de Rubão. Ele pegou as notas e me devolveu com raiva, dizendo que não tinha feito nada por dinheiro.
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No tempo da foto em questão, não existia empresário, atravessador ou agiota no futebol. Rubens Lemos nunca recebeu um centavo desse meio sujo. Morreria pobre e não teria ficado rico aceitando a gratidão de Petinha, de quem sempre falava com o brilho extra nos olhos. Petinha é que me cobrava sempre. Uma visita à sua casa, um almoço, uma rodada de conversa jogada fora, da boa, regada a cerveja e churrasco. E eu, escravocrata, entregue ao inferno do cotidiano, nunca arranjei tempo para atendê-lo.
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Na terça-feira, um policial militar que trabalha comigo, o subtenente Abiatá, logo cedo, me dá a notícia: Petinha havia morrido na noite anterior, em decorrência de problemas cardíacos. Logo ele, de um coração tão alegre, pai de Rivelino, hoje empresário, alguns anos atrás um hábil jogador de futsal dos meus dias de secundarista.
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Olho para a foto e me conforto com uma dedução: o que Petinha queria mesmo ao me ver era rever o meu pai. E os dois certamente estão conversando desde a terça, arcanjos tocando harpas.

( * Texto publicado conforme o original. Rubens Lemos Filho é jornalista ).

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FOTO 1 > Rubão e a sua velha máquina de datilografar.

FOTO 2 > O guerreiro Petinha. ( A FOTOGRAFIA número 2 foi confirmada por Rubens Lemos Filho. Petinha era um garoto e ainda não usava a vasta cabeleira ).

FOTO 3 > Petinha também integrou o time de 1973. É o primeiro jogador agachado ( da esquerda para a direta ) .

FOTO 4 > O repórter Caby da Costa Lima e o atacante Petinha . Caby já foi Presidente do Potiguar de Mossoró ( em 1997 ).

FOTO 5 > Rubens Lemos Filho e o seu livro mais recente, cujo lançamento foi no dia 15 de junho de 2009. Esta fotografia é parte integrante da divulgação de sua OBRA intitulada " O homem óbvio ".

FOTO 6 > Mais uma foto do saudoso Rubão, eterno torcedor do ABC.





5 comentários:

  1. Fazia muito gol de cabeça. Eita jogador paidégua.

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  2. 1) FIM da POLÊMICA !

    2) Uns torcenautas afirmaram que a foto número 4 é Caby entrevistando, mas não é Petinha o entrevistado.

    3) Outros afirmaram que a foto número 2 também não é Petinha.

    4) Teve também quem afirmasse que a fotografia número 4 é Petinha, mas a foto 2 não ! Porém a polêmica finalmente terminou.

    5) Recebi telefonemas de amigos aprovando o nome de Petinha, outros contradizendo a fotografia. A nossa geração não viu Petinha jogar ! O jeito foi recorrer aos veteranos do mundo da bola.

    6) A polêmica teve fim, ufa ! Após falar com vários pais de amigos, bem como consultando o jornalista Pedro Neto e o próprio Rubens Lemos Filho ( que mandou 2 fotos, das 6 ) , a fotografia número 4 é mesmo de Petinha.

    7) E a tal da foto número 2 ??? Foi enviada por Rubinho, trata-se também de Petinha ( ainda garoto ).

    8) Obrigado a todos. O BLOG fica feliz por lembrar de Rubão e Petinha. São imortais !

    José Leonardo G.M.Bezerra
    Do BLOG
    www.musicadogol.blogspot.com

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  3. Excelente trabalho...

    Sds Alvinegras.

    Abecedista.

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  4. Estou emocionado ao ler o conteúdo tão valioso e importante para mim, parecia que meu pai estava lendo e vendo as fotos ao meu lado. Obrigado Rubinho pela homenagem e elógios ao meu pai.

    Rivelino Peres.

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