segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Após tragédia na Bolívia, produtor da ESPN testa segurança no Engenhão e entra com sinalizador no estádio.


O produtor do canais ESPN, Leandro Ferreira, conseguiu entrar no Engenhão neste domingo portando um sinalizador semelhante ao que matou o garoto boliviano Kevin Espada, na última quarta-feira. 


Veja abaixo o relato do jornalista:

Quase uma hora após deixarmos a redação da ESPN no Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, chegamos a um Engenhão com pouca movimentação de torcedores do Botafogo, apesar de um domingo decisivo para o clube no Campeonato Carioca. Eu, com uma microcâmera em mãos e um sinalizador naval às costas, no fundo de uma mochila comum e coberto por algumas peças de roupa; e o videorrepórter Yans Felippe gravando tudo de longe. Ambos disfarçados de torcedores. Enfrentamos uma pequena fila na bilheteria Oeste para comprar a R$ 40 nossos ingressos para as arquibancadas inferiores do mesmo setor.

O policiamento externo era compatível com o número de torcedores. Discreto, mas suficiente. Não havia indícios de confusão. A fila para passar pelas catracas era tão curta quanto à das bilheterias. Com o vídeorrepórter posicionado estrategicamente, liguei a microcâmera e comecei a filmar o lado de fora enquanto esperava a minha vez. Apesar de automáticas, cada catraca precisa de um funcionário para pegar o ingresso do mão do torcedor, colocá-lo na máquina e devolvê-lo.

A não mais de cinco metros, um cordão de policiais fazia a revista. Havia apenas uma policial, responsável pela ala feminina da torcida alvinegra. Quem não tinha mochilas ou bolsas, levava três apalpadas ­ uma na altura das coxas, uma na cintura e uma no tronco ­ antes de ser liberado. 

Ciente do procedimento com quem carrega mochilas, pendurei a minha em meus ombros, mas virada para frente, e não às costas, aguardando o que seriam 20 segundos de uma revista superficial e tranquila. O policial pediu que eu abrisse um compartimento, onde havia apenas duas peças de roupa, uma camisa e uma calça. Em seguida, pediu que eu abrisse o segundo e maior compartimento.

O sinalizador estava entre dois chinelos e coberto por uma bandeira. Sobre isso, coloquei um casaco grosso para tampar todo o fundo. O policial nem chegou a ver a bandeira. Ele olhou para dentro da mochila, apalpou o casaco, deu uma remexida no conteúdo e me liberou. Não pediu que eu retirasse nada, não me fez nenhuma pergunta sobre o conteúdo. Sequer havia detector de metais.

O videorrepórter passou em seguida pela revista, com sua câmera sobre os ombros e tranquilamente. Fizemos alguns takes na área entre as catracas e os corredores internos do Engenhão. 

Segui para as arquibancadas, que, apesar de não estarem lotadas, tinham um número suficiente de torcedores para que o mau uso do sinalizador causasse algum acidente. Como foi na Bolívia. Em cerca de trinta minutos já havíamos deixado as redondezas do estádio. Felizmente, dessa vez, quem entrou com o artefato foi um jornalista.
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FONTE: Leandro Ferreira, com redação do ESPN.com.br- espn.com.br

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