quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Nelson Rech Filho Junior . Em entrevista, presidente do Caxias explica como mantém o clube competitivo mesmo em meio à crise financeira .

No Centenário12/08/2014 | 20h49

Clube busca acordo com credores para quitar dívidas trabalhistas


Em entrevista, presidente do Caxias explica como mantém o clube competitivo mesmo em meio à crise financeira Roni Rigon/Agencia RBS
Para Nelson Rech Filho, 2014 será o ano do acesso do Caxias à Série BFoto: Roni Rigon / Agencia RBS
POR JORNAL O PIONEIROJornalista Andrei Andrade

A cabeça de Nelson Rech Filho, presidente do Caxias, está povoada por números. Do quadro social, da folha salarial, da pontuação necessária para classificar. Porém, o que mais o perturba é o que divulgou recentemente à imprensa: R$ 18 milhões, a atual dívida do clube. São dois terços devidos para a União, outro de dívidas trabalhistas. No horizonte, o dirigente já vê como saldar os compromissos e recolocar o grená no patamar que merece: sem penhoras, sem mendicâncias para manter os salários em dia.

Mas se nas finanças as esperanças estão depositadas no futuro, nos resultados de campo é o presente que deixa o presidente otimista. A campanha consistente do time de Beto Campos nesta temporada, encaminhado para a classificação ao mata-mata da competição, faz Rech afirmar sem medo de errar: esse será o ano do acesso.

Pioneiro: Recentemente, o senhor revelou que a dívida do Caxias beira os R$ 18 milhões. Em que consiste e que movimentos o clube faz para pagá-la?

Nelson Rech Filho: Não é uma dívida astronômica comparada a outros clubes. Mas vem de muitos anos,  principalmente de épocas em tivemos dificuldade em ter um jurídico forte e por isso muitas coisas foram julgadas à revelia do clube. Agora temos a chance de, com o recurso oriundo da indenização da prefeitura (para obras na Rua Cristóforo Randon) , liquidar a parte trabalhista da dívida, que é de cerca de R$ 6 milhões. Nós teremos R$ 2,5 mi e estamos buscando acordos com os pouco mais de cem credores do clube. Cerca de 80 já aceitaram fazer acordo, mas há um restante que não aceitou e corremos o risco de que esses que não aceitem acabem melando o acordo com os que já aceitaram, pois o juiz determinou que todos precisam concordar. A nossa expectativa é que esses que ainda não entraram em acordo reconsiderem, pois para a frente não vejo perspectiva de haver outra forma de liquidar essa dívida.

O restante da dívida é com a União?

Sim. Para quitá-la a gente aguarda a assinatura da presidenta Dilma de um documento que divida os R$ 12 milhões em 300 parcelas. Aí existe a possibilidade de fazer o financiamento com a Caixa, mas desde que tenhamos as negativas das dívidas trabalhistas. Feito isso, entraríamos em um patamar bem diferente, com o clube sendo visto de outra forma. Ficaríamos livres de uma série de penhoras que nos impedem de trabalhar no dia a dia, pois passaríamos a contar com uma série de valores, como bilheteria, federação ou percentuais de negociações de atletas que já passaram no Caxias, que hoje nem entram para o clube.

Qual o valor da atual folha salarial do grupo profissional do Caxias? O clube tem conseguido mantê-la em dia?

Hoje é uma folha baixíssima. Sem os impostos, gira em torno de R$ 250 mil, incluindo a comissão técnica, mas temos tido dificuldade em pagar os salários dos atletas. Temos muitas parcerias, em um modelo onde o empresário paga uma parte e o clube completa. Conseguimos manter em dia porque há um grupo no clube que acredita e banca, deposita dinheiro. Mas vai chegar uma hora que não vai haver mais condições dessas pessoas ajudarem, não podemos estar sempre pedindo.

Quantos sócios estão ativos atualmente?

O clube esta na faixa de três mil sócios ativos e estamos aumentando gradativamente. É devagar, porque não temos quase nada a oferecer para o sócio. Não tem sede campestres, esportes alternativos, coisas para que, quem venha de fora, possa perder o vínculo com a dupla Gre-Nal porque se sinta atraída pelo clube. Temos o futebol, que muitos dizem ser o mais importante, mas nem para todo mundo. A curto prazo não temos como fazer isso, porque mal conseguimos sustentar o futebol. Mas conforme as coisas melhorem, queremos convidar o sócio, através do site do clube, a saber o que ele quer que o clube passe a oferecer.

Que importância teria um possível acesso à Série B?A Série B modifica todo o panorama, pois é uma diferença de valores muito grandes. Se a Série C dá R$ 50 mil por mês de televisão, a Série B dá R$ 300 mil a R$ 400 mil. Já dá pra trabalhar sossegado. Mas a ideia principal é deixar o Caxias em um patamar que esteja à altura do clube.

Apesar de tudo, o Caxias tem conseguido montar equipes competitivas, segurando jogadores importantes e fazendo contratações.

Uma preocupação nossa é manter o salário em dia. O atleta prefere o clube que paga 5 por mês do que o que promete 15 e não paga. Um mês sem receber é um inferno na vida do jogador. Nós mostramos isso a eles e os próprios jogadores ouvem dos amigos que é bom jogar aqui e isso gera uma vontade. E estamos nos tornando uma boa vitrine, sem prender o jogador. A saída do Tiago para o Atlético-MG é um exemplo.

A saída do Tiago foi lucrativa?Dentro do que poderíamos conseguir não foi muito. Mas o Atlético-MG nos mandou um atacante muito interessante, o Paulo Henrique, com passagem por seleções de base, e acho que o torcedor vai gostar. E não iremos arcar com o salário dele.

O Caxias irá subir este ano?Tenho muita confiança nisso. Estamos com um grupo muito forte, com peças de reposição e atletas que têm chegado e nos surpreendido. Todos têm se sacrificado pelo clube quando necessário e estamos com resultados muito bons, não perdemos fora e ganhamos em casa. Nossas chances são muito grandes, estamos colocando isso na cabeça dos atletas. Chegou a nossa hora.

FONTE : JORNAL O PIONEIROJornalista Andrei Andrade

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