terça-feira, 15 de novembro de 2011

Histórias engraçadas do Pai Santana ( ex-massagista do Vasco, Fluminense, América etc.


O texto a seguir é de autoria de Celso Unzelte.
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Morreu na terça-feira, 1º de novembro, aos 77 anos, no Rio, Eduardo Santana, o Pai Santana, histórico pai-de-santo e massagista do Vasco, onde, entre idas e vindas, trabalhou várias vezes, de 1954 a 2006. Deixou muitas histórias, como as que conto a seguir.

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Em 1970, o Vasco voltou a ser campeão carioca depois de 12 anos. E o Pai Santana foi considerado um herói da conquista, tanto quanto o goleiro Andrada ou o artilheiro Silva, os principais jogadores do time. Santana, porém, começou aquele ano trabalhando no Fluminense, e foi justamente depois de sua "atuação" em um jogo contra o Vasco que ele foi parar, de volta, em São Januário.

A partida, disputada em 15 de março de 1970, valia pela Taça Guanabara, que na época era uma disputa separada do Campeonato Carioca, inclusive antecedendo o próprio estadual. O Vasco terminou o primeiro tempo ganhando por 1 a 0, gol de Tião. No intervalo, Pai Santana falou para os jogadores do Flu:

— Cês tão a fim de beliscar esse jogo? Então tem que trocar as camisas. A gente tá jogando com as brancas, né? Pois é. Tem que entrar com as riscadinhas. Se a gente entrar com as riscadinhas vai ser mole.

No segundo tempo, de camisas listradas, o Flu virou para 2 a 1, gols de Flávio e Wilton. Assim que souberam de quem havia sido a ideia, os cartolas vascaínos trataram de convencer o Pai Santana a trocar as Laranjeiras por São Januário, oferecendo um bom aumento no salário.

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Assim, durante todo aquele Campeonato Carioca, o massagista virou manchete nos jornais: "Pai Santana já escalou o Vasco para domingo"; "Pai Santana faz sessão quarta-feira para ganhar do Mengo no Maracanã". Ganhou até um rival: Francisco Paula da Silva, o Biscoito, roupeiro do Fluminense, que garantia ter "mais força que Santana".

Mas, no final, o Vasco foi mesmo campeão. E, quando foi, Santana, todo de branco, tratou de acender dúzias de velas no gramado do Maracanã, em um momento histórico, flagrado pelos fotógrafos da época. Só depois disso Santana saiu, aliviado, para comemorar o título.

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No ano seguinte, 1971, Pai Santana trocou o Vasco pelo América. Sob o comando do técnico Zezé Moreira, o time melhorou muito, a ponto de ter terminado o primeiro turno em primeiro lugar no seu grupo, à frente de Flamengo e Vasco. Àquela altura do campeonato, Pai Santana resolveu "revelar":

Bom, o negócio é um novo feitiço que ando fazendo. Coisa simples. Cada jogador leva no bolso, durante toda a semana, um camarão.

Se a macumba surtia efeito ou não, jamais se saberá. Mas, como escreveu Plínio Marcos sobre esse assunto em sua crônica semanal na revista Placar, "pelo menos servia para evitar a marcação homem a homem", por causa do cheiro.

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FONTE: Celso Unzelte
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Pai Santana com Bebeto em 1989 . FOTO = site netvasco.com

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