domingo, 5 de dezembro de 2010

Capitão do CORINTHIAS pendura as chuteiras. William se aposenta neste domingo, mas por pouco não parou antes, em 2005.


1) O capitão do Corinthians - nos últimos três anos - se despede do clube e do futebol neste domingo.
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2) Aos 34 anos, William faz no Serra Dourada a partida derradeira como profissional e busca encerrar em grande estilo (e com o maior título do Brasil) uma carreira que poderia ter sido interrompida bem antes, mais precisamente em 2005, quando aos 29 anos o zagueiro pensou seriamente em abandonar o esporte sem conhecer sequer a rotina de um grande clube brasileiro.
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3) Defendendo o modesto Ipatinga, que disputaria a Série C naquele ano, William se viu num dilema. Próximo de completar 30 anos e sem nunca ter conseguido grande destaque no cenário nacional, o zagueiro que só havia defendido clubes de pouca expressão pelo país, cogitou desistir. “Eu já não era um menino. Tinha 29 anos. Uma idade limite para eu não perder mais tempo e começar a fazer outra coisa”, disse William, ao iG, logo após o seu penúltimo treino no Parque Ecológico do Tietê na sexta-feira. “Pensei em parar, voltar para a faculdade, estudar inglês, espanhol”.
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4) A trajetória de William no futebol estava fadada a um final prematuro. Um título, porém, que viria a ser o primeiro na sua carreira que já completava uma década, mudou a história do jogador que neste domingo, cinco anos depois, pode deixar o futebol com a mesma sensação de alívio que teve quando comemorou a conquista do campeonato mineiro de 2005.
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5) “Foi a reviravolta, eu diria. Aquele título deu para o time uma visibilidade. Nós tínhamos um grupo bom e batemos o Cruzeiro na final. Aquilo animou a todos e a mim também”, disse William, que após aquele título se lembrou de tudo que o levara a pensar em desistir da carreira. E que por sorte não chegou a se concretizar naquele ano.
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6) A decisão de se aposentar estava madura pouco antes do título estadual de Minas. As experiências frustradas por que havia passado até ali o ajudariam a fortalecer a ideia.
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7) O capitão corintiano conta que em 2001, aos 24 anos, passou pelo momento mais difícil como profissional do futebol. Na sua primeira passagem pelo Ipatinga ele acabou emprestado à Cabofriense.Chegando ao clube do litoral fluminense apresentou uma lesão no joelho que o impossibilitou de jogar. E teve de enfrentar as desconfianças dos diretores do clube que duvidavam da gravidade da contusão.
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8) “Achavam que eu estava lá só para aproveitar a praia, para curtir, mas na verdade o clube não tinha estrutura nenhuma para eu me tratar, não tinha fisioterapia. Tudo era precário”, se recorda. Insatisfeito com as condições, William voltou para Ipatinga para fazer tratamento, mas como já tinha sido desvinculado do clube, aceitou ficar quatro meses sem receber salário morando nas instalações do clube.
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9) Foi aí, nesse período de vacas magras, que William começou a colocar em prática as teorias que espera agora fazer parte definitiva de sua vida após o fim da carreira no futebol: a contabilidade e a consultoria financeira.

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10) “Eu sabia que não podia gastar muito, então conseguia me manter com pouco, sem extravagância, e até hoje eu sou um pouco assim. Mesmo tendo uma condição financeira melhor eu me controlo bastante”, disse William, que já montou com dois amigos, Jaeder Gilbert, que conheceu ainda nas categorias de base do América Mineiro, e Ana Laura, consultora especializada em mercado financeiro, a Redoma Gestão de Capital e Consultoria, empresa já instalada em São Paulo para orientar pessoas físicas a administrar bem suas finanças. “Nós até já temos uma cliente”, conta, orgulhoso.

PARTE II
Padrinhos fortes
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A) Dois técnicos foram decisivos para que William prolongasse em cinco uma carreira que parecia destinada a um fim ainda mais precoce. O zagueiro era o homem de confiança do técnico do Ipatinga em 2005, Ney Franco, à época um treinador iniciante e que o destino colocou lado a lado na seleção brasileira de outro personagem decisivo na vida profissional de William: Mano Menezes.
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B) O principal treinador do Brasil na atualidade foi responsável direto por dar a ele a faixa de capitão do Corinthians em 2008, demonstrando a confiança adquirida dois anos antes quando Mano, ainda no Grêmio, deu ao zagueiro já “trintão” sua primeira oportunidade de vestir a camisa de um grande clube brasileiro.
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C) “Eu só tinha jogado Série B, Série C, zanzado por vários times sem expressão. Cheguei a ter proposta do Sport na época, mas lá eu seria a quinta opção para jogar a Série B. Quando veio a proposta do Grêmio para jogar a Série A em 2006 eu não pensei duas vezes mesmo que fosse para ficar na reserva”, conta William, que logo conquistou sua posição de titular respaldada por Mano Menezes. “Sou muito grato a ele pela confiança que depositou em mim”.
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D) William agradece a Mano a chance dada, mas se sente em dívida com seu ex-comandante, com quem ainda não falou desde que assumiu a seleção. “Gostaria de falar com ele, peguei o telefone dele, mas aí assaltaram meu carro, meu celular, e perdi todos meus contatos. Quero falar com ele, sim”. Sobre Ney Franco, William é também só elogios. “Ser campeão com um time do interior em Minas é umas das mais árduas tarefas. O Ney já mostrava ali que tinha condições de crescer. É uma felicidade enorme vê-lo onde está”.
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E) Com a ajuda de dois dos mais respeitados treinadores do Brasil, William chegou ao ápice da carreira. “Quero muito vencer esse jogo contra o Goiás. Vou me sentir realizado”, disse o capitão que entra definitivamente na história do Corinthians neste domingo, sendo campeão ou não.


Fonte : Bruno Winckler

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