Para um homem que relutou o quanto pôde assumir o cargo máximo dentro do ABC, a palavra feliz talvez seja até pouco apropriada para definir o estado de espírito de Rubens Guilherme. Ainda curtindo os primeiros dias de campeão brasileiro, o dirigente faz questão de dividir os elogios com todos os membros da atual diretoria e ressalta que a união foi o maior trunfo para o momento esplendoroso vivido pela equipe potiguar.
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Apesar de estar num período de extrema felicidade e com um alto grau de aprovação entre os abecedistas, Rubens descarta qualquer possibilidade de prorrogar o mandato após a atual administração. Ele destaca que o poder desgasta as pessoas e por isso mesmo pretende regressar à condição de torcedor em 2014.
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O sucesso também está longe de lhe subir à cabeça, tanto que faz questão de exaltar o ex-presidente Judas Tadeu num momento em que muitas pessoas olham atravessado para o dirigente. Para ele, Tadeu construiu uma história importante dentro do Mais Querido e que pelos serviços prestados, jamais poderá ser esquecido: “Tadeu está para o ABC, assim como JK está para Brasília”.
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Emotivo, Rubens Guilherme chegou a chorar lembrando o momento em que foi convocado por um grupo notável de conselheiros a assumir o posto de presidente do Alvinegro, cargo que aceitou, mesmo contra a vontade da mãe, que não queria ver o filho dividindo a atenção de sua empresa com a administração de um clube de futebol. Dizendo que não esperava pelo sucesso repentino do trabalho implantado, o presidente falou que pretende ser lembrado apenas como um dirigente que buscou fazer a frasqueira sorrir.
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A foto acima é de autoria do fotojornalista Alex Régis (TN)..
1) Passado o momento de emoção, como o presidente se sente agora?
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Me sinto feliz e realizado com o projeto que foi feito para o ABC em 2010. Nosso objetivo principal sempre foi retornar à série B, mas Graças a Deus vieram de forma extra o título estadual, a oportunidade de disputar a Copa do Brasil no próximo ano e também a magnifica conquista do título Brasileiro.
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2) Quando assumiu o ABC, você esperava acumular tanto sucesso no primeiro ano?
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Não esperava por isso, mas eu costuma colocar sempre Deus na frente das minhas coisas. Tenho muita fé e por isso ele sempre está presente nos meus projetos. Nós da diretoria sabíamos que com o trabalho que vinha sendo realizado iríamos colher bons frutos, porém não esperávamos que fosse tão rápido.
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3) O clube não trabalhava para conquistar o Estadual e ganhou. Agora acumula sucessos na série C. Qual foi o momento da virada?
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Nós iniciamos a temporada com algumas limitações financeiras e não tivemos condições de montar um grupo forte, apostamos em jogadores desconhecidos. Quando perdemos o primeiro turno do estadual resolvemos partir para qualificação do nosso elenco, já que um clube com a força do ABC tem de estar sempre em busca de novas conquistas.
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4) De onde surgiram os recursos?
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Dos nossos parceiros, patrocinadores. Nós fizemos um mutirão com eles para fortalecer nosso elenco e quero aqui agradecer a todos. Assis da Drogaria Globo, doutor Fernando e Milton da Agritel, Di Farma sem. Eles é que nos deram os primeiros suportes.
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5) Pelo que me recordo, você não queria assumir a presidência do ABC. Não é verdade? Existia algum receio?
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Não era receio, na verdade eu não tinha tempo. Tenho uma empresa com 672 que sobrevivem daqui e eu tenho uma simpatia muito grande com essa pessoas e meu tempo é totalmente consumido, ou pelo menos era, na administração dos meus negócios. Mas Judas Tadeu sempre brincava muito comigo perguntando se eu já havia preparado o paletó para assumir a presidência do ABC.
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6) Mas isso algum dia chegou a passar pela sua cabeça. Existia esse tipo de projeto na sua vida?
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Nunca imaginei isso. Participei da administração de Judas na parte de patrocínio e ajudando no financeiro. Ele sempre dizia: “tem que ser você”, mas nunca levei isso tão a sério.
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7) Como ocorreu o processo de convencimento, então?
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Um dia de sábado eu estava na minha empresa, quando recebi um telefone de Paiva Torres pedindo que fosse até o escritório de José Wilson. Quando cheguei lá estavam Ivis Bezerra, Cláudio Porpino, José Wilson e Paiva que me conclamaram para assumir o ABC. Eu relutei muito, expliquei que não tinha tempo, nem experiência em administração esportiva e que, por isso, poderia ao invés de ajudar acabar prejudicando o clube. Mas Paiva Torres me garantiu apoio irrestrito, prometeu me ajudar e acabei topando o desafio (neste momento o presidente chorou ao lembrar que estava desrespeitando um pedido de sua mãe, que não queria vê-lo envolvido com a administração do futebol).
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8) E depois de aceitar o desafio, como foi a sua reação?
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Lembro que logo na primeira noite eu não consegui dormir. Quando cheguei ao meu apartamento pensei comigo: Meu Jesus o que foi que eu fiz. Entrar numa situação dessa, eu que tenho uma vida equilibrada assumir um clube com uma dívida grande para ser administrada — e aqui não vai nenhuma crítica a administração passada, então fiz só pedir a Deus que ele me iluminasse.
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9) E na hora de efetivamente colocar a mão na massa?
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Sei que começamos a fazer reuniões, eu comecei a ligar para algumas empresas parceiras nossas, pois o ABC não tinha recursos e nem de onde tirar dinheiro de forma imediata e nós tínhamos de apresentar algum poder de reação. Logo fui em cima dos amigos do meu ramo de trabalho como as empresas farmacêuticas e os laboratórios liguei para João Antibes da Cimed e por telefone ele garantiu apoio financeiro enquanto eu estivesse no ABC. Foi dai que tiramos a base financeira para iniciar o nosso trabalho.
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10) Quais as maiores dificuldades que encontrou?
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Foi a questão da formação da equipe, nós só tínhamos três jogadores no elenco: Ivan, Marquinhos Mossoró e Gabriel Potiguar. Judas sempre mostrou muita preocupação com isso. Nos reunimos com Didi Duarte, que foi nosso primeiro treinador e indicou alguns nomes. Não tivemos sucesso na maioria das negociações devido a situação do clube, que acabará de ser rebaixado e luta para recuperar o terreno foi muito grande.
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11) Alguém que esteja hoje no grupo relutou em acertar com o ABC?
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Teve um jogador, que eu não vou citar o nome dele em hipótese alguma, que sequer atendia nossa ligação. Falamos com o irmão e até com a mãe do atleta e ele simplesmente evitava de nos ouvir. Hoje ele está no ABC e entre os jogadores, é um dos que mais reverencia o nosso clube. Moreno foi nos oferecido por um patrocinador, que iria arcar com as despesas totais de sua permanência no ABC e o atleta não quis vir, mas isso é compreensível..
12) E como era um novato à frente de um dos grandes clubes do NE?
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A torcida estava muito desconfiada com a situação do clube. A diretoria era toda nova, muitas pessoas nem me conheciam dentro do ABC, já que eu sempre trabalhei muito nos bastidores. Porém acredito que a nossa maior felicidade foi trazer Leandro Campos, uma peça das mais importantes dentro dessa engrenagem toda. Ricardo Moraes foi quem nos indicou. O Ricardo também é outra peça importante dentro do ABC. Ele por sinal vinha sendo procurado por Flávio Anselmo há sete anos e quis o destino que ele chegasse até o clube trazido por um conselheiro que me pediu para ver o currículo dele (Ricardo Moraes). Por isso é que eu confio que Deus sempre está presente nas minhas coisas.
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13) O que é mais difícil de administrar: o clube ou uma grande empresa?
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O clube. Existe uma grande diferença entre um e outro. Na minha empresa existe uma certa democracia, mas eu posso ditar as regras. No clube isso não pode acontecer, no ABC o dono é a torcida. Na diretoria também não existe ninguém remunerado para desenvolver o seu trabalho, todos que ali estão é por paixão mesmo. Aí você deve demonstrar muita flexibilidade, caso contrário pode ficar sozinho na administração. Para fazer um clube como o ABC sobreviver, o presidente tem que ser um agregador, se não for ninguém consegue administrar.
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14) Qual o segredo para ser um bom administrador?
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É você não ter vaidade, não querer aparecer mais que ninguém e quem não tiver humildade não consegue montar um grupo unido, como o nosso é atualmente. Hoje nós temos uma família unida dentro do ABC.
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15) Passa pelos seus planos tentar uma reeleição?
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Se Deus permitir que eu fique os meus três anos no ABC, prometo dar tudo de mim juntamente com toda minha diretoria. Mas depois desse período a minha história como dirigente estará encerrada. A renovação é benéfica, oxigena o clube, aparecem novas ideias, sugestões e a coisa vai andando a contento. Não tenho a menor intenção de continuar na presidência, mas vou continuar sendo abecedista da mesma forma.
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16) Prolongar o mandato foi o grande erro de Judas Tadeu?
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Isso é uma questão pessoal de cada um, mas o poder desgasta as pessoas com o tempo. Eu não gostaria de prolongar o poder, é melhor evitar o desgaste.
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17) As finanças do ABC já estão sanadas?
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Não, mas nós fizemos uma renegociação de todas elas dando prioridade aos atletas que estavam com promissórias do clube. Da dívida mesmo nós pagamos um terço e gradativamente estamos nos livrando dela. Acredito que até metade de 2011 nós poderemos zerar essa dívida.
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18) Como o Rubens Guilherme vê o Judas Tadeu no ABC?
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Judas é um apaixonado pelo clube, a história que ele escreveu dentro do ABC ninguém vai conseguir apagar. Ele está para o ABC assim como JK está para Brasília, a figura é inesquecível.
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17) E como o Rubens Guilherme pretende ficar marcado na história do clube?
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Quero ficar conhecido como um presidente que trabalhou muito pelo ABC e que teve como objetivo principal fazer a frasqueira feliz.
brilhante entrevista de uma pessoa sensata.
ResponderExcluirparabéns a todos os abecedistas do RN pelo acesso á série B.
ResponderExcluirabraços.
Obrigado GRANDE GUTO.
ResponderExcluirValeu amigo !
Até a próxima jornada.
Abraço do amigo Leonardo